segunda-feira, 19 de outubro de 2015

O espelho e o vidro da janela

Rico e incorrigível avarento foi, certa vez, consultar um sábio. Este o levou até à janela que dava para a rua, e apontando para fora perguntou:
— Que estás vendo através deste vidro?
— Muita gente — respondeu o ricaço, afetando indiferença. — Vejo crianças que brincam, mercadores que passam, mendigos andrajosos que estendem a mão.
O sábio conduziu até diante de grande espelho e de novo o interrogou:
— E agora que estás vendo nesse vidro?
— Agora, vejo-me só a mim — gracejou o avarento, com ostentação de ricaço.
Prontificou então o sábio, acentuando as palavras com severidade:
— Repara nisto, meu amigo, repara bem. Na janela, há vidros; e o espelho também é
de vidro. Mas o vidro do espelho está coberto de uma tênue camada de prata, e por causa desse revestimento deixas de ver os outros e só enxergas a ti próprio.
 A tua alma, à semelhança do espelho, traz um revestimento de prata. 
E esse revestimento jamais permitirá que a tua vista alcance os teus irmãos, os teus amigos e os teus companheiros.

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