quinta-feira, 26 de novembro de 2015

As provações dos Justos.



Naquela tarde ocupavam-se os alunos de um Rabi com os Salmos de Davi.
Um dos jovens leu em voz alta: “O Senhor prova o justo; porém, ao ímpio e ao que ama a violência, aborrece a sua alma.”
Competia ao mestre comentar e esclarecer essa passagem do livro. E o Rabi assim falou:
— Rico senhor foi ter à oficina de um oleiro onde pretendia adquirir vaso de alto preço. O oleiro mostrou ao visitante bela coleção de vasos e começou a experimentá los, batendo de leve. Mas não experimentava todos. De quando em vez, tomava de um vaso, olhava-o e deixava-o de lado. O comprador lhe perguntou, apontando para os vasos que haviam sido desprezados: “Por que não experimentas também aqueles?”
“Não adianta”, respondeu o oleiro, sem titubear, “são vasos trincados. Neles não posso bater. Qualquer deles, à menor pancada, ficaria em estilhaço. Só experimento os sãos, os perfeitos, sem emendas. Estes resistem aos choques mais fortes e podem ser úteis e preciosos.”
“E assim”, rematou o Rabi, “à semelhança do oleiro, Deus não experimenta o perverso, deixa-o; e vai tocar no justo que pode resistir e salvar-se.”

Eis o que, a tal respeito, ensinava outro Rabi:
— O vendedor de linho, sabendo que o seu linho é bom, pisa-o e repisa-o, na certeza de que esta operação melhorará o produto. O bom linho, quanto mais batido, mais brilho e valor terá. Mas, quando sabem que o linho é de má qualidade, não se atreve a pisá-lo, pois a fibra se partiria. Pela mesma razão o Senhor não oprime o mau e sim o justo.

Não menos expressivas eram as palavras de um outro Rabi:

— Certo lavrador tinha dois bois; um fraco e o outro forte e robusto. Em qual deles punha o lavrador a canga? Sobre o mais forte. Assim faz o Senhor com o homem justo.

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