as manhãs a pastar e, ao escurecer, retornava ao aprisco. Um dia, um veado se juntou às
ovelhas, e desse dia em diante pastava com elas e as acompanhava de regresso ao curral.
Achou o pastor que devia levar o caso ao conhecimento de seu amo:
— Há um veado que sai com o rebanho, pasta com ele e com ele volta para casa.
O senhor, ao ouvir isso, recomenda ao pastor:
— Pois preste muita atenção ao veado, para que ninguém o moleste. Não quero que o
afugentem, nem que o assustem.
E ordenou que à noite, quando o rebanho voltasse, o veado recebesse uma ração
especial de forragens e água.
Não se conformou o pastor com aquela ordem e fez sentir a seu amo:
— Meu senhor, tendes tantas ovelhas, lindas e de boa raça, e não vos preocupais
especialmente com esta ou com aquela; mas dais-me todos os dias novas ordens a respeito
desse veado.
Replicou o monarca num tom de censura, embora benévolo:
— As ovelhas costumam pastar nos prados; os veados vivem nas solidões silvestres e não
se aventuram em zonas cultivadas. Devemos, portanto, ser gratos ao que renunciou aos
seus bosques, onde vivem tantos cervos e gazelas, para morar conosco.
Assim diz também o sábio:
— Devo gratidão ao estrangeiro que deixa a família, a casa de seu pai, para se
estabelecer entre nós. Eis o que prescreve a lei em sua sabedoria: “Prezai o estrangeiro.”
Esta curiosa parábola é citada no Talmude. Cf. Talmude. Naso, 8-2.
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