A fim de usufruir desse dom conferido aos humildes, meteu-se o monarca num trajo surrado, mudou-se para um casebre e proibiu que seus súditos lhe tributassem a menor deferência. Examinando-se, porém, de boa-fé, averiguou que, na sua aparente humildade, se tornara ainda mais soberbo. O filósofo o advertiu:
— Podeis abandonar esses andrajos e cobrir o vosso corpo com ouro e púrpura, conservando, porém, a humildade em vosso coração.
E para revelar ao rei no que consiste a falsa humildade, o sábio narrou a seguinte história:
— Um homem instruído, inteligente e caridoso, tinha infelizmente o defeito da soberba. Disseram-lhe que, se aprendesse a ser humilde, se tornaria perfeito. Ele seguiu o alvitre; estudou todas as regras de humildade até sabê-las inteiramente de cor.
Certa vez, um pobre campônio, ao passar por ele, se esqueceu de saudá-lo com o devido respeito.
O pretenso humilde, voltando-se para o campônio, protestou: “Idiota! Não sabes então que, desde que aprendi a humildade, sou um homem de caráter perfeito?”
E o filósofo concluiu:
— Era a voz recalcada do orgulho que assim falava.
Naquele homem havia, apenas, a aparência de humildade.
Aparência e... nada mais...
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