segunda-feira, 19 de outubro de 2015
A Lingua
Um senhor mandou o seu servo ao açougue e disse-lhe com ar superior:
— Quero que me tragas o melhor bocado que encontrares.
Para atender à recomendação do amo, o servo trouxe-lhe uma língua.
Dias depois o senhor chamou novamente o mesmo servo e deu-lhe a seguinte ordem:
— Traze-me do açougue o bocado mais ordinário que encontrares.
O servo, como fizera da primeira vez, trouxe uma língua.
— Que quer dizer isso? — protestou afoitamente o senhor. — Para qualquer
recomendação, traze-me sempre uma língua?
O servo, que era, aliás, um filósofo dotado de alto saber, explicou com gravidade
mordaz:
— A língua é quanto há no mundo de melhor e, também, de pior. Se bondosa, nada
há de melhor; se maldizente e mentirosa, nada haverá de pior.
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