terça-feira, 2 de maio de 2017

Escolhas e Renuncias


O homem estava caído, com a cabeça ensanguentada. Pedro parou seu carrão e, pelo celular, chamou a ambulância.
Aproximou-se e para estancar o sangue, rasgou um pedaço de sua camisa de linho e enfaixou a cabeça do ferido.
Quando a ambulância chegou, Pedro entregou seu cartão para um dos enfermeiros, pedindo que ligasse para dar notícias do pobre infeliz.
Dias depois, recebeu um telefonema do hospital.
O enfermeiro Márcio avisava que aquele andarilho teria alta.
Seu nome era José Carlos e não tinha familiares na cidade.
Pedro não sabia porque se interessava tanto por aquele homem. Foi ao hospital, entrou na enfermaria e aproximou-se da cama do seu protegido.
Pedro se identificou como o que o havia socorrido na rua. O atendido se emocionou. Há muitos anos, ninguém se interessava por ele.
Era o homem mal cheiroso de que todos buscavam se afastar. Lágrimas lhe umedeceram os olhos e romperam em choro convulsivo.
Pedro ficou ali parado, esperando aquele ser humano dar vazão a toda aquela dor, que parecia reprimida dentro dele. Depois, pediu para que contasse a sua história, se assim desejasse.
José Carlos falou do pai alcoólatra, da mãe que, cansada das surras, abandonou a família, deixando ele e o irmão nas mãos do pai.
Lembrou da fome, do irmão menor chorando, das surras que levavam por motivo nenhum.

Um dia, depois de uma grande surra, apanhou o irmãozinho pela mão e saiu andando, prometendo que jamais voltaria para aquela casa.
Depois de muito andar, o pequenino começou a chorar. Suas perninhas doíam pelas chineladas que havia recebido, pelo cansaço. Sentia fome.
José Carlos tinha onze anos e bateu à porta de uma casa. Uma mulher de cabelos brancos, muito bonita, atendeu e, vendo o sofrimento nos olhos daquelas crianças, os acolheu.
Ele nunca estivera em uma casa tão linda, nem jamais comera comidas tão gostosas.
À noite, na cama com lençóis limpos, aquecido, pensou que no dia seguinte, com certeza, eles teriam que ir embora.
Mas se ele, o maior, desaparecesse, é possível que a mulher ficasse com seu irmão, tão pequeno.
Então, no meio da noite, evadiu-se da casa, levando somente, como lembrança, uma meia do irmãozinho.
Nos dias seguintes, à distância, ficou acompanhando as saídas da senhora conduzindo Pedrinho, seu irmão.
Foram ao parque, às compras, ao mercado. Ela o segurava pela mão. Ficara com ele.
Satisfeito, José desapareceu daquela cidade. Nunca esqueceu aquela mulher mãe que os acolheu.
Chorou mais um pouco e nem percebeu as lágrimas de Pedro.
José Carlos se tornou andarilho. Muitos anos depois, retornou à cidade e ao casarão.

A família havia se mudado e ele nunca mais soube do irmão.
Foi aí, entre lágrimas, que ele olhou para Pedro, que chorava.
Em suas mãos, retirada da carteira de couro, José Carlos reconheceu o pé de meia do seu irmão, aquele que fazia par com o que ele carregava até hoje, como lembrança.
Sem falar nada, se abraçaram, e todos que ali passavam, se emocionavam.
Quando souberam da história, choravam de alegria. Ainda hoje, naquele hospital, se fala da história de amor de um irmão que renunciou a tudo pela vida do irmãozinho.
Atualmente, os dois dirigem um lar que abriga crianças na orfandade, aos quais têm oportunidade de dar carinho e proteção.

O lar funciona naquela mesma casa bonita, onde um dia José Carlos deixou seu irmão Pedro, na esperança de que ao menos ele tivesse o que ele nunca teve: amor de mãe, bem maior do que qualquer tesouro.

A Renovação da águia

Em certas ocasiões podemos nos comparar à águia, que quando atinge os 40 anos, tem a dura decisão de deixar-se morrer ou enfrentar um processo lento e doloroso de renovação.
Neste processo, a águia precisa voar para o alto de uma montanha e lá, se recolher em um ninho que esteja próximo a um paredão.
Começa então o período de renovação onde ela enfrenta a dor para poder renascer e viver por mais 30 anos.
Todos nós, em determinado momento, precisamos nos recolher em algum lugar seguro, longe dos predadores da nossa felicidade para poder renascer e alçar voos altos.

Conta a lenda que a Águia bate com o bico na parede até conseguir arrancá-lo e, com o novo bico, ela arranca suas velhas unhas e, com as novas unhas, arranca suas penas.

Nosso maior desafio na vida é aceitar o novo, é a coragem para olhar a dor nos olhos e seguir lutando.
Quando sentir que é hora de renascer, deixe as correntes pesadas do passado para trás. Elas tornam a sua caminhada muito mais difícil e dolorosa.
Bata com o bico do orgulho na parede, até ele cair. Livre-se de velhos hábitos, crenças e costumes que em nada te acrescentam, afaste-se de tudo e todos que não te façam sentir especial; não tenha receio de deixar ninguém para trás.
Livre-se do medo, reveja seus conceitos, não seja tão duro consigo mesmo. Tenha valores, mude a perspectiva e faça diferente.
Tente hoje e, se não der, tente amanhã de novo. Paciência e resiliência são os segredos para conquistar o mundo.  
Vá dormir todas as noites com a consciência tranquila de que o que é seu vai vir até você, na hora certa. E o que acabar, o que for embora, o que não der certo, não era para você, não era para acontecer.
Lembre-se, assim como a águia, as vezes nós temos as opção de nos renovar para viver mais anos, com qualidade e sabedoria!

PENSE NISSO!

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Criando Raízes Profundas

Conta a lenda que um médico americano que, além de curar os seus doentes, tinha por objetivo transformar o terreno de sua casa em uma floresta.
Vivia a plantar árvores. Bastava retornar do hospital, e das visitas rotineiras aos pacientes, para se enfiar em um macacão, colocar um chapéu de palha na cabeça, luvas nas mãos e sair para o quintal.

O inusitado não era o passatempo do médico, mas a forma como ele tratava as árvores novas. Ele não as regava. Dizia que regar as plantas fazia com que crescessem com raízes superficiais.
As árvores que não eram regadas, dizia, necessitavam de criar raízes profundas para procurar umidade. Isto lhes concedia maior firmeza.
Falava com as árvores e as motivava a crescer fortes, a fim de enfrentar os ventos frios, as tempestades.
E as árvores se tornavam rijas, parecendo dizer que as adversidades e as privações as tinham beneficiado.
Nossos filhos, como as árvores do bom médico, talvez encontrem adversidades na vida.
Talvez tenham que percorrer caminhos difíceis, enfrentar ventos frios de solidão, de desesperança.
Eles também necessitam de criar raízes profundas, de modo que não sejam abatidos quando as chuvas caírem e os ventos soprarem fortes, tentando derrubá-los.
Aprendamos a dizer não, vez ou outra, a fim de que os nossos filhos aprendam que nem tudo lhes estará sempre disponível.

Mesmo que não seja necessário, confiemos a eles tarefas, exigindo que as executem, para treinar responsabilidade.
Em síntese, ensinemos nossos filhos a andar sozinhos, a enfrentar problemas, a lutar pelo que desejam, para que enrijeçam o caráter e cresçam fortes como o carvalho e sejam firmes como a rocha.
PENSE NISSO!

A Última Carta

Um amoroso pai de família, dias antes de ser hospitalizado, enviou uma carta a seus filhos, com a seguinte mensagem:
Filhos amados:
Quando as coisas estiverem difíceis, abram bem os olhos e busquem o céu.
Vejam como é imenso.
Olhem a natureza e percebam como ela é incrivelmente linda, em cada detalhe.
Olhem as cidades, seus prédios, os carros e notem tudo o que a vontade do homem já foi capaz de produzir.
Sintam que cada um de vocês faz parte da Criação de Deus.
Que cada um integra a própria natureza.

E que cada um também tem de construir e de alterar um pouco de sua própria cidade.
Percebam que vocês, aqui e agora, fazem parte de uma sociedade que constrói um mundo novo.
Apesar da sensação de pequenez diante da grandeza do Universo e, embora, por vezes, vocês se sintam sozinhos e sem forças, na verdade, cada um é importante e necessário na sinfonia da vida.

O amor e a alegria de vocês produzem uma energia única, capaz de transformar o meio em que vivem e as pessoas que os cercam.
Cada um pode levar mais luz ao caminho que palmilha, por intermédio de seu sorriso e de seu trabalho.
E assim, pode iluminar outras vidas e enternecer outros seres.
Não esperem que o mundo, que os outros façam algo por vocês.
Respirem fundo e pensem:  "O que eu posso fazer pelo mundo?
O que posso fazer pelos outros?"
Nunca esqueçam que cada um colhe aquilo que plantou.
Que os espinhos que hoje nos ferem as mãos são o resultado de uma semeadura equivocada do passado, próximo ou não.
Se desejam uma estrada ladeada de flores, é preciso que elas sejam semeadas desde agora, por cada um de vocês.
Acreditem: Deus está presente em tudo e em toda parte.
Um dia a própria ciência humana, ainda tão limitada, será capaz de admitir e de comprovar essa valiosa verdade.

*   *   *
Embora não tenha resistido à doença que subitamente o atingiu, as palavras de amor e de fé daquele pai ainda ecoam no coração daqueles que o amavam.
Foi sua última carta.
Uma mensagem estimulando seus amores ao caminho do bem, na direção do Criador.
*   *   *

Amar é uma decisão! não um sentimento!

Diz um conto judaico que:

"Um jovem foi visitar um "sábio conselheiro" e contou-lhe sobre as dúvidas que tinha à respeito de seus sentimentos por sua FAMÍLIA
O sábio escutou-o, olhou-o nos olhos e disse-lhe apenas uma coisa:
— Ame-a. 
E logo se calou!
Disse o rapaz:
— Mas, ainda tenho as dúvidas...
— Ame-a, disse-lhe novamente o sábio!
E, diante do desconserto do jovem, depois de um breve silêncio, disse-lhe o seguinte:
— Meu filho, "amar é uma decisão", não um sentimento! 
Amar é dedicação e entrega; Amar é um verbo e o fruto dessa ação é o amor! 
"O amor é um exercício de jardinagem!"
Arranque o que faz mal, prepare o terreno, semeie, seja paciente, regue e cuide.
"Esteja preparado porque haverão pragas, secas ou excessos de chuvas, mas nem por isso abandone o seu jardim". 
Ame, ou seja, aceite, valorize, respeite, dê afeto, ternura, admire e compreenda.
Simplesmente Ame!!!
Sabes porque? 
Porque a inteligência, sem amor, te faz perverso; 
A justiça, sem amor, te faz implacável; 
A diplomacia, sem amor, te faz hipócrita; 
O êxito, sem amor, te faz arrogante; 
A riqueza, sem amor, te faz avarento; 
A docilidade, sem amor te faz servil; 
A pobreza, sem amor, te faz orgulhoso; A beleza, sem amor, te faz ridículo; 
A autoridade, sem amor, te faz tirano; 
O trabalho, sem amor, te faz escravo; 
A simplicidade, sem amor, te deprecia; 
A Torá, sem amor, te escraviza; 
A política, sem amor, te deixa egoísta;

Encerro com as palavras de Rav. Shaul (Apóstolo Paulo).

E agora, passo a vos mostrar um caminho ainda muito mais excelente. Ainda que eu fale as línguas dos seres humanos e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.

Mesmo que eu possua o dom de profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, e ainda tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei.
(1 Coríntios, 13:1-3)